Friday, March 23, 2007

Continuação do teste


Haverá uma mensagem tão diferente nesta imagem?

Teste


Podia idealizar-se um conjunto de testes para verificar a efectividade dos códigos. Exemplo: teste de variação de alguns elementos da posição esquerda/direita.

Algumas interrogações sobre a gramática visual de Kress e Leeuwen

1 Como sabemos que os signos provocam os efeitos supostos? Do estudo empírico a precisar de confirmação a uma gramática a priori, a questão põe-se do mesmo modo.
2 Análise da parte ao todo ou do todo à parte? A mensagem/significação depende sempre do todo. Será possível assumir significações determinadas (ex a localização de um determinado elemento na imagem, a perspectiva frontal/oblíqua)? Não dependem elas do todo, podendo nalguns casos o seu significado ser corrigido ou invertido? A questão é de saber se a descoberta/construção da mensagem por parte do intérprete se faz por análise (da parte para o todo) ou por insight (do todo para a parte, o que corresponderia à perspectiva da teoria da Gestalt, um dos outros “quadros teóricos para examinar como as imagens transmitem significado”, que Claire Harrison refere, p. 47). Ou isso é tratado pela dimensão composicional?
3 A interpretação é sempre consciente? O que significa interpretar? Reconstruir discursivamente em termos introspectivos a mensagem (ou passando depois a oral/escrito)?
4 Como se controla a interpretação? Das interpretações "objectivas" (o Paulo fez um quadro com o registo dos valores dos signos - à estruturalismo, valem por não serem as outras possibilidades) às interpretações mais "soltas", que não têm tanto apoio na gramática visual, e se baseiam em impressões, a virtude está no meio?
5 E ainda, como construir a análise, guiados pela imagem ou seguindo os itens da gramática? Ou é indiferente?
Nota: Ernst Junger tem um texto muito bom (entre outras coisas com implicações para a questão dos significados metafóricos) sobre o sentido simbólico valorativo de esquerda/direita, alto/baixo que se condensou na linguagem.

Sunday, March 18, 2007

Proposta do Grupo μ (análise parcial)

São sistematizadas 6 exigências a que uma teoria do signo icónico tem de responder (p. 133). Vou analisar apenas a questão da motivação.
Através do novo modelo triádico do signo icónico, pode-se esclarecer um equívoco do conceito de motivação, a saber, se se está a falar da relação significante-referente ou da relação significante-tipo. No 1º caso, temos um eixo em que se pensa a relação através do conceito de transformação (ao nível da recepção ou da produção), no 2º temos um eixo com vectores de realização do tipo ou de seu reconhecimento. A motivação no 1º caso corresponde a ser possível reconstituir a estrutura do referente a partir de transformações, no 2º um significante é motivado quando está em conformidade com o tipo, e permite o seu reconhecimento. Enquanto o significante e o referente são comensuráveis, tal não acontece com o significante e o tipo, pois este é um modelo abstracto. Para se poder falar de motivação, tem de se verificar o respeito pelas 2 condições de transformação e de conformidade, sendo a transformação subordinada à conformidade. A semelhança passa a ser vista através da noção "objectiva" de transformação, mas supervisionada pela conformidade a um tipo. E aí pode ser a porta de entrada da dimensão cultural (aliás, é reconhecido que a instauração dos estímulos visuais em ícones remete para uma dimensão pragmática) . Dentro de cada cultura há ícones, mas não há ícones transculturais?

Algumas frases de Eco

Aqui ficam algumas frases ilustrativas de ECO, U. (1985). O Signo. Lisboa: Editorial Presença

“Cada signo pode ser assumido como um índice, um ícone, ou um símbolo, segundo as circunstâncias em que aparece e o uso significativo a que se destina” (p. 54)

“Não se pode distinguir entre signos motivados (como os índices e os ícones, que teriam ligações de semelhança ou continuidade com o referente) e signos convencionais ou símbolos. Também os índices e os ícones funcionam com base numa convenção que regula as modalidades da sua produção (ostensão, uso de parte do objecto, translação ou projecção) de uma impressão perceptiva …“ (p. 54)