Sunday, March 18, 2007

Proposta do Grupo μ (análise parcial)

São sistematizadas 6 exigências a que uma teoria do signo icónico tem de responder (p. 133). Vou analisar apenas a questão da motivação.
Através do novo modelo triádico do signo icónico, pode-se esclarecer um equívoco do conceito de motivação, a saber, se se está a falar da relação significante-referente ou da relação significante-tipo. No 1º caso, temos um eixo em que se pensa a relação através do conceito de transformação (ao nível da recepção ou da produção), no 2º temos um eixo com vectores de realização do tipo ou de seu reconhecimento. A motivação no 1º caso corresponde a ser possível reconstituir a estrutura do referente a partir de transformações, no 2º um significante é motivado quando está em conformidade com o tipo, e permite o seu reconhecimento. Enquanto o significante e o referente são comensuráveis, tal não acontece com o significante e o tipo, pois este é um modelo abstracto. Para se poder falar de motivação, tem de se verificar o respeito pelas 2 condições de transformação e de conformidade, sendo a transformação subordinada à conformidade. A semelhança passa a ser vista através da noção "objectiva" de transformação, mas supervisionada pela conformidade a um tipo. E aí pode ser a porta de entrada da dimensão cultural (aliás, é reconhecido que a instauração dos estímulos visuais em ícones remete para uma dimensão pragmática) . Dentro de cada cultura há ícones, mas não há ícones transculturais?

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